1940-1949 - O horror na fila dos pobres Com o horror real da Segunda Guerra Mundial, as platéias americanas não queriam mais saber dos filmes de monstros, e o gênero acabou praticamente abandonado pelos grandes estúdios hollywoodianos. Enquanto as séries da Universal caminhavam para a decadência em episódios que amontoavam vampiros, corcundas, cientistas loucos, múmias e lobisomens sem qualquer propósito, algumas produtoras menores como a Republic e a Monogram assumiram o comando, gerando alguns inventivos filmes classe B. O topa-tudo Bela Lugosi estava em grande parte destes filmes - muitos dos quais merecem constar na lista dos mais absurdos da história. Em O Vampiro (The Devil Bat, 40), Lugosi é um cientista vingativo que controla um gigantesco morcego assassino através de uma loção pós-barba usada por seus inimigos... Ele novamente vive um cientista biruta em O Homem Macaco (The Ape Man, 43), desta vez às voltas com experimentos que o transformam em gorila! Entre as boas exceções desta entresafra estava o charmoso Sangue de Pantera (Cat People, 42) ( Fig.25 ) , dirigido por Jacques Tourneur, belíssimo clássico de horror sobre uma mulher que transforma-se num felino selvagem. Gerou uma sequência alguns anos depois e foi refilmado com a sensualidade de Nastassja Kinski nos anos 80, como A Marca da Pantera (Cat People, 82). Também falando sobre gente que vira bicho, O Lobisomem (The Wolf Man, 41) ( Fig.26 ) tornou-se o primeiro filme importante sobre o tema e colocou Lon Chaney Jr. em seu papel mais famoso, como o amaldiçoado licantropo que comete crimes na lua cheia. Aceitando o desafio de tentar honrar o nome de seu pai no cinema de horror, Chaney Jr. conseguiu fama razoável como astro do gênero, porém sempre à sombra de Lugosi e Karloff, bem mais prestigiados na época. Um tanto gordo e abusando do álcool, Chaney Jr. foi Alucard ("Dracula" soletrado de trás para frente!), o vampiro mais bem alimentado do cinema em O Filho de Drácula (Son of Dracula, 43) ( Fig.27 ) . Foi também uma balofa criatura enrolada em ataduras em A Praga da Múmia (The Mummy's Curse, 44) e Na Sombra da Múmia (The Mummy's Ghost, 44) ( Fig.28 ) , já denunciando a decadência da Universal e de sua própria carreira de brilho curto. John Carradine foi outro nome frequente em produções de segunda classe, aparecendo em alguns títulos menores da Universal. Em A Mansão de Frankenstein ( Fig.16 ), viveu um vampiro pela primeira vez, exigindo que o papel fosse como Bram Stoker descrevia em seu livro, sendo o primeiro Drácula das telas a usar um vasto bigode. No ano seguinte Carradine retornou em A Mansão de Drácula ( Fig.17 ) , e mais tarde no absurdo Billy the Kid vs. Drácula (1966). A mitologia complexa do vampiro - o tema do amor impossível e a metáfora do sangue como fonte da vida eterna - transformou o personagem no próprio símbolo do horror, somando até hoje centenas de caracterizações nas telas - algumas ridículas, mas que de alguma maneira contribuem com o mito. A década apresentou também alguns filmes de terror estrelados por nomes consagrados de Hollywood. Uma nova versão de O Médico e o Monstro (1941) colocou o inapropriado Spencer Tracy no papel central, dividido entre as belas Lana Turner e Ingrid Bergman. O eterno coadjuvante (e "homem invisível") Claude Rains viveu O Fantasma da Ópera (The Phantom of the Opera, 43) numa versão luxuosa mas de poucos sustos. Em 1945 O Retrato de Dorian Gray (The Picture of Dorian Gray) ganhou uma belíssima adaptação, destacando as participações de George Sanders e Angela Lansbury.